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As novas tecnologias que estão mudando o combate ao HIV

inteligência artificial, diagnóstico rápido e terapias inovadoras prometem transformar a saúde pública em 2026

Healthtech fundada por médica infectologista desenvolve soluções de inteligência clínica para apoiar decisões médicas e qualificar o cuidado em doenças infecciosas no Brasil

O enfrentamento ao HIV vive uma nova fase no Brasil e no mundo. Com terapias antirretrovirais cada vez mais eficazes, regimes mais simples e melhor tolerados, a infecção pelo HIV passou a ser considerada, na maioria dos casos, uma condição crônica controlável. O desafio atual da saúde pública já não se limita ao acesso ao tratamento, mas à garantia de diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e cuidado longitudinal de qualidade.

No Brasil, apesar de avanços importantes nas políticas públicas e na ampla oferta de antirretrovirais pelo SUS, o país ainda convive com taxas relevantes de diagnóstico tardio e com desigualdades regionais no acesso ao cuidado especializado. Segundo especialistas, essas falhas impactam diretamente a morbimortalidade e perpetuam o estigma associado à infecção.

Nesse contexto, o avanço das tecnologias aplicadas à saúde promete reposicionar o país no enfrentamento ao HIV a partir de 2026. Ferramentas de inteligência artificial, novas estratégias de testagem rápida e integração de dados clínicos vêm transformando a forma como doenças infecciosas são prevenidas, diagnosticadas e acompanhadas, abrindo espaço para um novo ecossistema digital na saúde pública.

Uma das vozes que acompanham de perto esse movimento é a da médica infectologista Dra. Mariana Lanna, que atua em hospitais de referência em São Paulo, é doutoranda em Doenças Infecciosas pela UNIFESP e fundadora da healthtech Doxa AI, voltada ao desenvolvimento de soluções de inteligência clínica e suporte à decisão médica em doenças infecciosas.

Dra. Mariana Lanna

“O HIV hoje é uma doença crônica. Com tratamento adequado e acompanhamento regular, a pessoa vive com qualidade, expectativa de vida semelhante à da população geral e sem risco de transmissão quando mantém carga viral indetectável. Por isso, o foco precisa estar no cuidado ao longo do tempo, e não apenas no momento do diagnóstico”, explica a especialista.

Segundo ela, a tecnologia pode desempenhar papel estratégico nesse novo modelo de cuidado. “A inteligência artificial aplicada à infectologia ajuda a identificar padrões clínicos e sinais de alerta que podem antecipar o diagnóstico, além de apoiar decisões mais seguras e padronizadas durante o acompanhamento. Isso é fundamental para evitar perda de seguimento e falhas na adesão ao tratamento”, afirma.

A médica destaca ainda a importância da transformação digital dos dados em saúde. “Estamos entrando em uma fase em que a tecnologia não apenas registra informações, mas interpreta dados clínicos e sugere condutas baseadas em evidências. Esse tipo de inteligência fortalece o cuidado longitudinal, reduz erros e contribui diretamente para a prevenção de complicações”, pontua.

Para ela, o Brasil reúne condições técnicas e científicas para avançar rapidamente, desde que inovação e tecnologia sejam incorporadas de forma estruturada às políticas públicas. “Se quisermos reduzir infecções evitáveis, diminuir o diagnóstico tardio e consolidar o HIV como uma condição crônica bem controlada no país, será essencial investir em integração, escala e modernização do sistema de saúde. A tecnologia já está disponível — o desafio agora é usá-la com visão de futuro e compromisso com o cuidado contínuo”, conclui.

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